20 February 2015

O PRESENTE (conto narrado por José Carlos De Lucca)

por ana veet maya

O céu ainda é azul.
Os pássaros cantam seu canto enigmático e rotineiro.
Tudo parece conhecido. Mas o desconhecido  ainda é atraente.
Há música no ambiente.
Faço silêncio e percebo a fragilidade do ser.
Escuto muitas vozes que se confundem e calam.
O passado formou a base.
O presente me convida a parar.
E eu paro e me emociono.
Tantos os amigos que já se foram.
E tantos os que neste momento estão entregues ao sono da passagem, corpos presos num leito de hospital.

Ontem tive a felicidade de assistir a mais uma palestra do amigo José Carlos De Lucca.
Contou-nos um conto muito lindo que vou aqui reproduzir.


“ ... Um jovem em estado terminal, aconselhado por sua mãe, saiu a passear para se alegrar com a vida, com o mundo e fazer amigos.
Em frente a uma casa de CD’S estancou o passo contemplando a beleza da vendedora.
Foi amor à primeira vista.
Entrou na loja, olhou-a emocionado nos olhos.
Jamais vira tal beleza.
- Eu gostaria de comprar um CD.
- Qual?
- Qualquer um!
E a moça, delicadamente, escolheu um CD.
- Devo embrulhar para presente?
- Sim!
O jovem queria prolongar os minutos e observá-la melhor. Coração em festa!
Pegou o seu CD, despediu-se.
Chegou em sua casa com o pacotinho, nem o desembrulhou...
Dia seguinte foi novamente à loja.
E no outro dia também.
Sempre comprava um novo CD que a própria moça escolhia, embrulhava carinhosamente...
E ele ficava feliz apenas por estar perto e admirá-la.
Ao chegar em sua casa, largava o CD embrulhado para presente em seu quarto, ao lado de todos os outros pacotinhos fechados.
Esse ritual repetiu-se por um tempo até que um dia o jovem conversou consigo mesmo:
- Eu preciso criar coragem! Falar com ela! Dizer-lhe que a amo! Convidá-la para passear comigo!
E assim motivado, decidiu que enquanto a moça embrulhasse seu CD, colocaria um bilhete confessando seu amor, no banco onde ela sentava. Aí, sairia rapidamente, sem ela nem ter tempo de responder.
Assim pensou e assim fez com o coração aos saltos.
No dia seguinte a vendedora feliz, telefonou para a casa do querido freguês.
Foi a mãe quem a atendeu e lhe informou com pesar que o jovem acabara de falecer...
A mãe enternecida pela história que ouviu, foi ao quarto do jovem e começou a desembrulhar os pacotinhos coloridos.
Para sua surpresa, em cada um encontrou um bilhetinho da vendedora para o rapaz:
- Olá! Gostei muito de você! Convide-me para sair!
- Você não percebe que também simpatizei demais com você? Aguardo o seu convite...
E assim uma mensagem após a outra, mensagens que seu filho nunca leu, morrendo sem ao menos saber que seu amor era correspondido... “ ( conto narrado por De Lucca)

De Lucca finalizou a palestra fazendo-nos refletir sobre todos os presentes que recebemos de Deus e que ainda estão fechados no pacote...
Convidou-nos a aceitar e abrir TODOS nossos presentes...
Nossa família é um presente.
Nossos amigos verdadeiros são presentes...
Nossos dons, nossos talentos, são presentes!
Vamos parar , refletir e não perder mais tempo
Vamos falar eu te amo! Gosto muito da sua companhia! Obrigada pelo carinho!
Vamos abraçar, beijar, sorrir a cada dia.

Vamos valorizar tudo o que já temo e ser felizes aqui e agora, porque a nossa vida é única, somos únicos e há ainda tempo para sermos alegres, gratos e sentirmos paz no coração!



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