27 July 2011

GORDA!

por Ana Veet Maya
Muitos aparentam aceitar o gordo do jeito que ele é, mas na primeira oportunidade tentam aconselhá-lo e enquadrá-lo na sua visão de medida certa ou na medida certa de qualquer emissora de TV.
Os gordos saem pela rua dando opiniões e conselhos pros magros? Ou para os que usam óculos com lentes vencidas? Ou para os compulsivos pela endorfina ou pela barriga negativa?


Os gordos saem pelo mundo dando conselhos pra quem esconde a careca com alguns fios do cabelo lateral, como o Peninha, personagem do Walt Disney?

Cada ser é único e tem sua história.
O gordo também.

Especialmente se ele já é gordo desde a infância, provavelmente já aprendeu a lidar com o bulling e com julgamentos maldosos e perversos de todos os tipos.

Quando alguém quer um conselho, uma opinião, pede ou vai a um médico e paga uma consulta.

O gordo, como qualquer outro cidadão sintonizado, já sabe que deve se cuidar e fazer exercícios pra viver bem e ter qualidade de vida.

Se o gordo permanece gordo apesar de toda pressão social para que ele seja magro, das duas uma: ou ele se assumiu do jeito que é e nada faz pra mudar porque não quer, ou deseja emagrecer mas talvez por problemas físicos e emocionais, não consegue.

Eu fui um bebê gordo, com bochechas coradas. Fui uma adolescente gordinha e virei uma mulher gorda.

Eu exército tudo o que escrevo. Cuido-me bem. Caso me sinta mal, faço dieta.

Eu gosto de ser como sou e não sinto vontade de me curvar à ditadura dos iguais.

Hoje não sou escrava da mídia, mas já fui... Conheci vários tipos de dietas e provei várias anfetaminas. Mas com remédios nunca consegui estabilizar meu peso. Meu corpo simplesmente ia voltando, voltando e lá estava eu novamente com o mesmo peso.

Mas com o exercício do auroconhecimento e da autoaceitação, parei de dar importância para o peso e aprendi a valorizar a vida, a saúde e o meu desenvolvimento. 
Desenvolvendo minha autoestima, aprendi a valorizar o que há de melhor em mim e criei meu próprio estilo.

Percebi que quando desencanei da opinião do mundo e escutei meu coração, meu peso se estabilizou,
e não mais sofri do efeito sanfona.

Entendi e aceitei que ser gorda é meu jeito e faz parte do meu biotipo.

Amando a mim mesma, aprendi a aceitar melhor a todos, procurando respeitar as diferenças e tentando não julgar.

Quero lembrar que o diminutivo “gordinha” muitas vezes apenas disfarça o preconceito. Mas algumas pessoas gostam de nos chamar de gordinhos, para demonstrar afeto e aceitação.

Se o gordo está bem resolvido e se sente feliz, não se afeta com esses rótulos e também não precisa provar pra ninguém que é feliz do jeito que é.

Cada um que faça a dieta da moda que lhe fizer bem, mas, por favor, que não pretenda enquadrar o gordo no seu próprio padrão de beleza.

Vamos nos aceitar do jeito que somos, cuidar da saúde e respeitar a diversidade.
A decisão cabe a cada um.
Respeito é bom e o gordo gosta.

(GORDURA MÓRBIDA é DOENÇA.                                                                             
Para viver com qualidade de vida, se você for gordo mórbido ou se for somente gordo e se sentir sem energia, abatido, cansado e doente, procure ajuda do seu médico ou terapeuta!)

26 July 2011

E VOCÊ LONGE DE MIM

poesia de Ana Veet Maya
foto: anaalordelloo.tumblr.com

A xícara, o chá e o bule
A mesa, o quintal, o jardim
Silêncio, segredos trocados
E você longe de mim.

As mãos, o riso e o anel
O brinquedo e o nosso jasmim
O céu ainda é azul
E você longe de mim.

No mundo, em casa a risada
Alegria e encanto sem fim
Nossa vida abençoada
E você longe de mim.

Agora eu sei é passado
Alegre já vive sem mim
Tudo está como era antes
E você longe de mim.

19 July 2011

ENERGIA

ENERGIA, por Ana Veet Maya
Nossa casa, nosso lar, os espaços e suas egrégoras, as paredes, tudo registra nossa memória. Nosso corpo e mente, nossa aura, nossa energia vital, a energia que vibramos, a energia com a qual interagimos. As ações, os pensamentos, quereres e malquereres, ações de graça e maldições, somos o que pensamos ser! A música é uma ferramenta valiosa pra restabelecer a nossa saúde física e mental, restaurar nossa energia e purificar nossa vibração. Pare aqui um pouco, dê aquela espreguiçada gostosa e respire profundo. Deixe que estes acordes promovam uma viagem de volta ao centro. Uma viagem ao seu eu-profundo. Respire alegria, equilíbrio, bondade. Boa viagem! (ENERGIA, por Ana Veet Maya)






imagem: boiadeirorei.wordpress.com

17 July 2011

BOA NOITE, AMIGO

por Ana Veet Maya
imagem: populo.weblog.com.pt

Os últimos pássaros
Alcançam seus ninhos.
E um pássaro solitário
Ainda voa em busca
Da árvore mais alta
Que ampare o seu pouso.
O céu escureceu
O vento silenciou
A luz se acendeu
E a chama do fogão
Sugere um bom café.
Ligo o rádio
Ligo a TV
Ligo o PC
Sinto o toque mágico
Desta noite macia
Que me abraça
Com toque de seda.
E me faz juras de amor.
Bem-vinda Lua!
Meu olho se perde no além
E apenas contempla a distância.

TPM A VILÃ

TPM A VILÃ, por Ana Veet Maya
IMAGENS POR ORDEM DE ENTRADA: trocistas.com / brilhosefascinios.blogspot.com / homemsemfrescura.wordpress.com / olhares.aeiou.pt / bankle.blogspot.com /numerospares.blogspot.com / 6olhar.blogspot.com / flickr.com / alexbranco.wordpress.com / espacodon.blogspot.com / brasilescola.com / depquimicaesociedade.com.br /silviarita.wordpress.com / gibanet.blogspot.com /


Sabe aquele dia que você acorda com a boca seca de quem roncou a noite toda, o corpo doído como quem apanhou do feitor, a mente confusa e um sentimento de quem teve pesadelos?

Será que vai adiantar você sair de casa para o trabalho dessa maneira?


No mínimo falará poucas e boas para os amigos, xingará seus familiares, descontará no coitadinho do seu cãozinho, brigará com o patrão e acabará perdendo aquele “gostoso” que há tempos te paquerava, mas acabou desistindo ao ver sua cara feia!


Como lidar então com o mau-humor, esse mal-estar que veio do nada (parece) e sabe-se Deus pra onde irá e quantos danos irá causar, pior até que o Ivan lá de Cuba ou todos os tornados e maremotos no Oriente?


Hoje é moda falar das mudanças no humor feminino em determinada época do mês.



E toda ira e sentimentos que não queremos, acabamos justificando com essa sigla infernal: TPM.


Mas todas temos nossos dias de fúria.
E quando eles aparecem, precisamos entender de onde veio tanta agressividade, tanta negatividade, tanto pessimismo e dor.


Será que tudo é TPM?






Se você passa pela vida engolindo sapos diariamente, não se posiciona ou quando o faz, é sempre agressivamente para marcar território...




Se você disputa com seu amado diariamente a liderança do casal, se queixa dele para todos, mas persevera na relação porque tem medo de ficar sozinha...




Se você engordou e está se odiando mas nunca consegue iniciar aquela dieta...


Se você se sente mal-amada, sem carinho, querendo e não tendo quem beijar...(tadinha... snif...)
Se você pensa que o amor é pra todos menos pra você...

Se você acredita que tua vida financeira está uma desgraça e nunca sairá dessa pindaíba...

Se você julga que todos estão triunfando, menos você.
Se você se acha uma vítima dessa sociedade corrupta...

Se você detesta seu emprego mas não busca aprimoramento e mudança...




Se você reclama do dia de calor e do dia de inverno...

Se você está sempre de cara fechada esperando o outro te fazer sorrir...

Se você só come quinquilharia e se queixa que está sem energia, muito fraca...

Se você se queixa da pele e das profundas olheiras e fica teclando no chat até de madrugada...



Se você julga os outros o tempo inteiro, mas não consegue observar a bagunça dentro de si mesma, no seu quarto, o pó da sua casa e todo o lixo que vem acumulando...


Se o culpado do fim de suas relações é sempre o outro...



Minha querida amiga, isso não é TPM!
Isso é cegueira, inconsciência.

Pare de ficar querendo desculpar a sua chatice.
Acorde, amiga!

E vamos pra frente, que atrás vem gente...

SOLTEIRA DE NOVO

SOLTEIRA DE NOVO um conto de Ana Veet Maya escrito em 2008
foto: irresistivelmulher.blogspot.com

Depois de chorar sete dias, gemer, gritar, bater a cabeça na parede, hoje pela primeira vez, ela saiu de casa.
Foi ao cabeleireiro. Grande coisa.
Pelo menos tingiu os brancos de cima. Mas e os de baixo? Pentelhos brancos... Que broxante!
Limpou a pele.
Os olhos caíram. O peito caiu.Tudo caiu.
Mas estava contente consigo mesma: sete dias e não o procurara nenhuma vez.
Chegou em sua casa feliz, com seu cabelinho fake, sua sobrancelha fake e seu rosto expressivo e verdadeiro, todo enrugado de tanto chorar.
Porcaria.
Ligou o PC e começou a navegar sem destino. Viu uns tubes, ouviu umas músicas, jogou, brincou no chat.
Nada.
Seu pensamento era totalmente dele.
Separações modernas são tão civilizadas...
Maldição.
Ela detestava isso tudo.
Começou a sentir uma comichão. Não sabia dizer aonde é que estava começando aquilo. Começou a suar. Não agüentou e mandou um torpedo.
Silêncio.
Ele não respondeu.
Idiota.
Entrou no facebook.
Ele estava "on".
Oh God! Tenho que resistir!
Não resistiu.
- Oi.
Que fraqueza, pensou.
Sentiu-se uma nonsense sem caráter, sem auto-estima, sem um pingo de vergonha na cara.
Conversaram muito bem, bons amigos.
Nenhum sinal da parte dele de recaída.
Não negou que sentia a falta dela, mas fez questão de publicar no jornal que estava adoraaaaaaaaaando viver sozinho...
- Eu também estou, quem não adora, não é?
Aaaaaaaaaaaaaaah, socorro! Gritou mentalmente sentindo que ia começar a chorar.
Fechou a janela do chat.
Uma hora mais se passou.
Ela estática.
Sorumbática.
Lívida. Enjoada. Irritada.
Vontade de vomitar.
- Sei que vou enfartar!
Coração disparado.
23h e ela não resistiu.
Deixou seu ID no privado e ligou pra ele!
Que vagabunda sem caráter e carente que eu sou. Prostituta de merda, uma vaca. Só mesmo uma mulher sem caráter e sem vergonha alguma pra fazer isso! Procurar o ex!!!
Reconheceu-se miseravelmente infeliz, morta de saudade dele, completamente vulnerável, humana. -Merda, falou.
Ele atendeu de primeira o fone "privado".
Mentiroso, pensou. Disse que nunca atendia um telefone privado, que era perigoso. Perigoso de cu é rola. Falso.
- Sou eu, meu bem!
Silêncio.
Um suspiro que dizia: - Ó senhor, daí-me paciência. Só por Belzebu!
Tratou-a bem, meio que mecanicamente, assim que reconheceu o artifício que usara.
Ela convidou-o a "fantasiar"...
- Não era isso o que você vinha fazendo nos últimos meses pela internet?
Perfis fakes no Orkut, facebook, aquelas pesquisas intermináveis nas madrugadas e que deixavam a memória do PC completamente comprometida, totalmente cheia e poluída, com tanta pornografia. Sem contar os vírus.
E os chats de cybersexo que graças a sua amiga hacker conseguira ler? Um nojo, uma vergonha, uma baixaria. Nada do que ele fazia com ela. Imagine!Só fazia aquela putaria pela internet...
Será que também fazia ao vivo? Não. Não poderia acreditar.Seu coração apertou ainda mais.
- Vou marcar um exame de sangue lá no CRAS.
Cybersexo. Que droga é isso mesmo? Não conseguia conceber como alguém podia de fato sentir prazer com essa coisa virtual.
Ela fora tão magoada, tão espezinhada, tão maltratada.
Não sentia prazer nem mais ao vivo. Imaginou pela internet?
- Você gosta de fantasiar, fantasie comigo... Estou usando aquela calcinha que te dá tesão e estou molhadinha ouvindo sua voz...
Foi muito cedo essa sua tentativa. Um erro de estratégia. Ele não quis.
Afirmou que queria somente a amizade dela.
Socoooooooooorro! Que humilhação!
- São Alpino socorrei-me! Falou ela chorando.
Desligou o telefone. Maldito telefone. Desligou o PC. Chutou o PC. Atirou o teclado longe. Só o teclado. Era o mais barato pra comprar novo. Até pra surto de loucura, há que se pensar nas conseqüências.
Desligou sua mente.
Meditou.
Fêz massagem no corpo. Nada adiantou. Chorou de novo.
Mas não sentiu culpa.
Afinal, pensou, quem ama, tenta.
Dormiu bem.
No dia seguinte acordou sozinha sem despertador.
E sem seu homem do lado. Só o cachorro.
Acordou cedo. Bem cedo.
O que o dia lhe prometia?
O que fazer com essas férias repentinas?
Agora teria que agüentar.
Levantou.
Olhou a cara. Inchada. Teria chorado até sonhando? Uma imbecil sentimental.
Massagem. Já! A pele do rosto, do corpo, sua cabeça, seu coração. Tudo seco.
Marcou com seu personal trainner.
Há pelo menos 5 anos ele tentava lhe "comer", pensou ela sorrindo palidamente.
Sempre resistiu. Mas, ai, meu Deus! E agora? Será que ele ainda está gostoso? Sedutor?
Dane-se ele também. Pensou. Quero malhar.
Ele chegou!
Ah, não!
Ele está super acabado! Podrão. Nem como prêmio de consolação!
Vou desistir da ginástica!
Talvez uma operação plástica seja mais eficiente.
Pra ele, claro, não pra mim.
Pensou ela, dessa vez, gargalhando em alto e bom tom.
Seu amigo lhe falara que quem se separa fica sempre "bonito".
Decidiu. À noite aceitaria aquele convite pra sair.
Afinal, há dois anos ele também tentava lhe seduzir. E ela, fiel, também falava não.
Por que não? Pensou. Agora estou livre (seu coração chorou um pouquinho ao ouvir essa palavra).
Amizade com gosto de sexo.
Quem sabe isso lhe fizesse bem pra saúde do corpo, da alma e da mente.
Afinal, nem só de casamentos vive o homem.
A fila anda, diziam suas amigas separadas.
Ele gosta de jazz... O diabo é que pareço argentina, gosto de tango! Mas olhando bem de pertinho, estou mais pra uma tragédia mexicana...
Valei-me meu São Alpino! Gritou ela em alto e bom som.
E comeu um bom teco de chocolate.
E gargalhou mais uma vez, desta vez, com a alma.
Dois meses se passaram nesses jogos e fetiches de recém-separados.
Um tédio. Um encanto. Uma descoberta. Uma lágrima. Muitas gargalhadas.
Afinal não morri! Pensou ela naquele dia.
Descobrira que chocolate era mesmo gostoso, prático, energético, digestivo.
Afinal, chocolate lhe deixava alegre, feliz e não tinha que por camisinha pra comer!
Aliás, quem come quem mesmo?
Sentia-se bem, sexy. O mundo inteiro a queria.
E ela pensava se a mulher separada libertava mesmo o tal de feromônio, algo muito excitante e convidativo...
Todas suas amigas separadas diziam que passaram por essa mesma fase sedutora.
Ela se divertia falando não.
Topou sair com ele depois de dez dias de chat.
Sua amiga casara com um cara que conheceu numa sala de bate-papo.
O fulano escrevia bem e dizia que era o cão.
Pelo menos, foi sincero. Já se apresentou como um cão!
E o que se esperar de um cão? Que agarre qualquer cadela no cio!
Ai meu São Alpino, gargalhava ela toda vez que ele aparecia piscando no chat.
O cara escrevia muito bem, começou mesmo a rolar um link.
Saíram pra jantar.
Gostou dele: sorriso contagiante, uma boca contagiante, um braço forte, malhado, tudo forte nele. Excelente primeiro encontro.
Ela ficou feliz.
Chegou o segundo encontro, ninguém é de ferro, pensou ela, a carne é fraca, até minha avó dizia isso. Concordou em ir pro motel.
E ela se permitiu variar. Variou posições. E lugares. E gostou.
E pensou, oras, se a vibe é a do cão, que seja tudo então bem animal.
Seu ex sempre lhe falava que era santinha e careta.
Valei-me meu São Alpino. E descobriu uma outra função para o chocolate...
É. Vivendo e aprendendo, pensou.
Era véspera de feriado.
A noite terminou.
Um novo dia começou e as lembranças pareciam todas muito distantes.
Pediu que ele a deixasse na Liberdade.
Foi andar e refletir.
Libertas quae será tamen.
Oras! Nem só de sexo vive a mulher.
No dia seguinte foi trabalhar bem cedinho.
O seu celular tocou.
Leu “ privado” no visor.
Será que é ele?
Não atendeu.
Poderia ser de fato muito perigoso.
Sorriu e engatou a primeira.
Solteira de novo.
SOLTEIRA DE NOVO um conto de Ana Veet Maya escrito em 2008

CONTOS DE ANA VEET MAYA

por Ana Veet Maya
foto: armazemdesonhos.com.br

Gosto de escrever sobre tudo.
Às vezes minha inspiração sai em forma de poesia, outras, um texto.
Tem momentos que só quero mesmo é divulgar um amigo, compartilhar algo muito bom e só.
Pra não misturar as tendências, criei um blog apenas pra textos, outro apenas pra poesias e outro para contos.
O blog dos contos não seguiu, porque minha fome de escrever “contos” não é tão grande e preferi tirar o blog do ar, pra não ficar aquela energia estagnada, só com coisas velhas.
Então, toda vez que escrever algum conto que eu goste, postarei aqui neste blog mesmo.
E hoje quero compartilhar um dos meus contos mais lidos.
É o “SOLTEIRA DE NOVO”.
As relações amorosas hoje em dia são cada vez mais curtas e estudos já apontam que a tendência atual é de durarem apenas de 3 a 5 anos!
E eu, mulher madura, do tempo do “até que a morte os separe”, às vezes preciso chacoalhar meus conceitos e preconceitos pra me adaptar.
E viva a modernidade!
Sempre sim pro aqui-agora!
Um abraço a todos os amigos e leitores.
Vocês fazem parte da minha inspiração!

SOLTEIRA DE NOVO um conto de Ana Veet Maya escrito em 2008
foto: irresistivelmulher.blogspot.com

Depois de chorar sete dias, gemer, gritar, bater a cabeça na parede, hoje pela primeira vez, ela saiu de casa.
Foi ao cabeleireiro. Grande coisa.
Pelo menos tingiu os brancos de cima. Mas e os de baixo? Pentelhos brancos... Que broxante!
Limpou a pele.
Os olhos caíram. O peito caiu.Tudo caiu.
Mas estava contente consigo mesma: sete dias e não o procurara nenhuma vez.
Chegou em sua casa feliz, com seu cabelinho fake, sua sobrancelha fake e seu rosto expressivo e verdadeiro, todo enrugado de tanto chorar.
Porcaria.
Ligou o PC e começou a navegar sem destino. Viu uns tubes, ouviu umas músicas, jogou, brincou no chat.
Nada.
Seu pensamento era totalmente dele.
Separações modernas são tão civilizadas...
Maldição.
Ela detestava isso tudo.
Começou a sentir uma comichão. Não sabia dizer aonde é que estava começando aquilo. Começou a suar. Não agüentou e mandou um torpedo.
Silêncio.
Ele não respondeu.
Idiota.
Entrou no facebook.
Ele estava "on".
Oh God! Tenho que resistir!
Não resistiu.
- Oi.
Que fraqueza, pensou.
Sentiu-se uma nonsense sem caráter, sem auto-estima, sem um pingo de vergonha na cara.
Conversaram muito bem, bons amigos.
Nenhum sinal da parte dele de recaída.
Não negou que sentia a falta dela, mas fez questão de publicar no jornal que estava adoraaaaaaaaaando viver sozinho...
- Eu também estou, quem não adora, não é?
Aaaaaaaaaaaaaaah, socorro! Gritou mentalmente sentindo que ia começar a chorar.
Fechou a janela do chat.
Uma hora mais se passou.
Ela estática.
Sorumbática.
Lívida. Enjoada. Irritada.
Vontade de vomitar.
- Sei que vou enfartar!
Coração disparado.
23h e ela não resistiu.
Deixou seu ID no privado e ligou pra ele!
Que vagabunda sem caráter e carente que eu sou. Prostituta de merda, uma vaca. Só mesmo uma mulher sem caráter e sem vergonha alguma pra fazer isso! Procurar o ex!!!
Reconheceu-se miseravelmente infeliz, morta de saudade dele, completamente vulnerável, humana. -Merda, falou.
Ele atendeu de primeira o fone "privado".
Mentiroso, pensou. Disse que nunca atendia um telefone privado, que era perigoso. Perigoso de cu é rola. Falso.
- Sou eu, meu bem!
Silêncio.
Um suspiro que dizia: - Ó senhor, daí-me paciência. Só por Belzebu!
Tratou-a bem, meio que mecanicamente, assim que reconheceu o artifício que usara.
Ela convidou-o a "fantasiar"...
- Não era isso o que você vinha fazendo nos últimos meses pela internet?
Perfis fakes no Orkut, facebook, aquelas pesquisas intermináveis nas madrugadas e que deixavam a memória do PC completamente comprometida, totalmente cheia e poluída, com tanta pornografia. Sem contar os vírus.
E os chats de cybersexo que graças a sua amiga hacker conseguira ler? Um nojo, uma vergonha, uma baixaria. Nada do que ele fazia com ela. Imagine!Só fazia aquela putaria pela internet...
Será que também fazia ao vivo? Não. Não poderia acreditar.Seu coração apertou ainda mais.
- Vou marcar um exame de sangue lá no CRAS.
Cybersexo. Que droga é isso mesmo? Não conseguia conceber como alguém podia de fato sentir prazer com essa coisa virtual.
Ela fora tão magoada, tão espezinhada, tão maltratada.
Não sentia prazer nem mais ao vivo. Imaginou pela internet?
- Você gosta de fantasiar, fantasie comigo... Estou usando aquela calcinha que te dá tesão e estou molhadinha ouvindo sua voz...
Foi muito cedo essa sua tentativa. Um erro de estratégia. Ele não quis.
Afirmou que queria somente a amizade dela.
Socoooooooooorro! Que humilhação!
- São Alpino socorrei-me! Falou ela chorando.
Desligou o telefone. Maldito telefone. Desligou o PC. Chutou o PC. Atirou o teclado longe. Só o teclado. Era o mais barato pra comprar novo. Até pra surto de loucura, há que se pensar nas conseqüências.
Desligou sua mente.
Meditou.
Fêz massagem no corpo. Nada adiantou. Chorou de novo.
Mas não sentiu culpa.
Afinal, pensou, quem ama, tenta.
Dormiu bem.
No dia seguinte acordou sozinha sem despertador.
E sem seu homem do lado. Só o cachorro.
Acordou cedo. Bem cedo.
O que o dia lhe prometia?
O que fazer com essas férias repentinas?
Agora teria que agüentar.
Levantou.
Olhou a cara. Inchada. Teria chorado até sonhando? Uma imbecil sentimental.
Massagem. Já! A pele do rosto, do corpo, sua cabeça, seu coração. Tudo seco.
Marcou com seu personal trainner.
Há pelo menos 5 anos ele tentava lhe "comer", pensou ela sorrindo palidamente.
Sempre resistiu. Mas, ai, meu Deus! E agora? Será que ele ainda está gostoso? Sedutor?
Dane-se ele também. Pensou. Quero malhar.
Ele chegou!
Ah, não!
Ele está super acabado! Podrão. Nem como prêmio de consolação!
Vou desistir da ginástica!
Talvez uma operação plástica seja mais eficiente.
Pra ele, claro, não pra mim.
Pensou ela, dessa vez, gargalhando em alto e bom tom.
Seu amigo lhe falara que quem se separa fica sempre "bonito".
Decidiu. À noite aceitaria aquele convite pra sair.
Afinal, há dois anos ele também tentava lhe seduzir. E ela, fiel, também falava não.
Por que não? Pensou. Agora estou livre (seu coração chorou um pouquinho ao ouvir essa palavra).
Amizade com gosto de sexo.
Quem sabe isso lhe fizesse bem pra saúde do corpo, da alma e da mente.
Afinal, nem só de casamentos vive o homem.
A fila anda, diziam suas amigas separadas.
Ele gosta de jazz... O diabo é que pareço argentina, gosto de tango! Mas olhando bem de pertinho, estou mais pra uma tragédia mexicana...
Valei-me meu São Alpino! Gritou ela em alto e bom som.
E comeu um bom teco de chocolate.
E gargalhou mais uma vez, desta vez, com a alma.
Dois meses se passaram nesses jogos e fetiches de recém-separados.
Um tédio. Um encanto. Uma descoberta. Uma lágrima. Muitas gargalhadas.
Afinal não morri! Pensou ela naquele dia.
Descobrira que chocolate era mesmo gostoso, prático, energético, digestivo.
Afinal, chocolate lhe deixava alegre, feliz e não tinha que por camisinha pra comer!
Aliás, quem come quem mesmo?
Sentia-se bem, sexy. O mundo inteiro a queria.
E ela pensava se a mulher separada libertava mesmo o tal de feromônio, algo muito excitante e convidativo...
Todas suas amigas separadas diziam que passaram por essa mesma fase sedutora.
Ela se divertia falando não.
Topou sair com ele depois de dez dias de chat.
Sua amiga casara com um cara que conheceu numa sala de bate-papo.
O fulano escrevia bem e dizia que era o cão.
Pelo menos, foi sincero. Já se apresentou como um cão!
E o que se esperar de um cão? Que agarre qualquer cadela no cio!
Ai meu São Alpino, gargalhava ela toda vez que ele aparecia piscando no chat.
O cara escrevia muito bem, começou mesmo a rolar um link.
Saíram pra jantar.
Gostou dele: sorriso contagiante, uma boca contagiante, um braço forte, malhado, tudo forte nele. Excelente primeiro encontro.
Ela ficou feliz.
Chegou o segundo encontro, ninguém é de ferro, pensou ela, a carne é fraca, até minha avó dizia isso. Concordou em ir pro motel.
E ela se permitiu variar. Variou posições. E lugares. E gostou.
E pensou, oras, se a vibe é a do cão, que seja tudo então bem animal.
Seu ex sempre lhe falava que era santinha e careta.
Valei-me meu São Alpino. E descobriu uma outra função para o chocolate...
É. Vivendo e aprendendo, pensou.
Era véspera de feriado.
A noite terminou.
Um novo dia começou e as lembranças pareciam todas muito distantes.
Pediu que ele a deixasse na Liberdade.
Foi andar e refletir.
Libertas quae será tamen.
Oras! Nem só de sexo vive a mulher.
No dia seguinte foi trabalhar bem cedinho.
O seu celular tocou.
Leu “ privado” no visor.
Será que é ele?
Não atendeu.
Poderia ser de fato muito perigoso.
Sorriu e engatou a primeira.
Solteira de novo.

(SOLTEIRA DE NOVO um conto de Ana Veet Maya escrito em 2008)

AMIGO, BOM DIA

por Ana Veet Maya
foto:historiasdeemilia.blogspot.com

Uma corrente
Um incêndio
Um corpo que acorda
Uma voz, um pedido.
Tua casa, tua porta.
Um gemido lascivo
Um toque amoroso
Bendito e bandido
Carinho e gozo!
Uma dança integrada
Na cama, no muro,
Uma noite estrelada
Silêncio, sussurro.
Reencontro, chegada
Um sorriso de entrega
Uma rosa na mão.
Promessas, viagens
O sim, nunca não!
Corações ritmados
Movendo a alegria
Querido, amado,
Amigo, bom dia!