29 December 2011

FELIZ 2012

por Ana Veet Maya
(texto dedicado a Alexandre Reis, bailarino e coreógrafo que vem dedicando toda sua vida a arte).
Visite: http://contemplociadanca.blogspot.com/)

Pátria amada Brasil.
Teu povo já não é tão heróico e não ouve mais teu canto retumbante.
Não posso morar em São Paulo, olhar meu Nordeste e dizer que "o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar..."
Brasil de injustiças.
Sofremos todos os que não nascemos em berço esplêndido, os que não temos padrinhos influentes, os que não demos "sorte" de ganhar na megasena ou ter "sucesso nos negócios" e fomos condenados a viver "de salário".
Sofremos nós os artistas, que espalhamos arte como quem respira, sem reconhecimento e sem remuneração, porque a nossa imagem não aparece em nenhuma tela do poder. 
Brasil de contrastes plenos e gritantes, onde uma quantidade assustadora não tem onde morar, não tem água e nem o que comer, enquanto outros vão para New York aproveitar os preços "baixos" e fazer suas gordas compras de Natal.
País de jogadores em todos os níveis, das balas perdidas, dos tiros na mão e no pé, dos jeitinhos, dos manos e dos manés... 
Terra de adictos numa torre de Babel sem fim.
É muito difícil ter qualificação e estar desempregado, trabalhar sem remuneração na tentativa de ser contratado, ser bom trabalhador e não ganhar dignamente para viver com qualidade, ser um artista e ter que depender da família ou de amigos.
A verdade nua nos assusta e revolta. 
Corrupções em todos os níveis. Roubos de todos os tipos. Desvios de todas as verbas. Paraísos fiscais. Negociatas.
Inconsequências, inconsciência, mortes sem sentido, assassinatos diários de homens de bem que fenecem pelo desmando das "otoridades" e pela prática de tanta lei torta.
O SUS agride, os convênios enganam e não damos nem conta das doenças do corpo.
Quem fortalecerá a nossa mente e inspirará a nossa alma?
Religiões já não confortam, ocupadas com a propaganda e com o lucro.
E enquanto testemunhamos as barbaridades do nosso cotidiano, vamos lendo tantas odes a ilusão e a fantasia, escritas por egos inflados, com o sangue dos inocentes.
Detesto o jeitinho brasileiro acomodado de ser.
Não devia ser esse o preço do progresso e da evolução da ciência.
Será que não podemos fazer melhor?
Contemplo o céu, ouço os passarinhos, brinco com meus bichos. Quero nutrir no peito uma esperança tímida.
Quero viver num Brasil mais justo e consciente.
Feliz 2012 a você leitor amigo, que é honesto e luta por um Brasil melhor!

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